Seu sonho de criança sempre foi escrever histórias de ficção. Na época, ela desenhava os personagens, inventava aventuras para eles. E também criava histórias para suas bonecas, que podiam sofrer um naufrágio e parar numa ilha deserta, fugir de piratas, enfrentar dragões e muitos outros perigos. Sem dúvida, foram suas primeiras personagens.

As brincadeiras da infância transformaram-se no sonho adolescente de entrar para o curso de Cinema, que nos anos 1980 só era oferecido na capital paulista. Na vida real, como ela morava na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, e não conseguia se sustentar fora da casa dos pais, estudou Jornalismo numa universidade local e trabalhou bastante para arcar com as mensalidades.

Helena, na verdade, ainda não pensava seriamente em se tornar jornalista. Isso até o dia em que, no primeiro ano da faculdade, assistiu a uma palestra do jornalista Ricardo Kotscho. Naquele momento, ao falar sobre suas vivências na profissão, ele disse algo que a fez entender o que ainda não enxergava: o mais importante no Jornalismo é contar histórias reais. “Se estamos falando de histórias”, ela pensou, “então ser jornalista tem tudo a ver!”

Depois de formada, ela fez estágio em edição de imagens na TV Globo. No jornal A Tribuna, atuou como diagramadora, repórter e editora de um suplemento infantil, acumulando ainda o trabalho de editora em outras seções.

Helena já estava com mais de 30 anos e nada de pôr em prática seu antigo sonho de escrever histórias de ficção – sempre tinha uma desculpa para adiá-lo. O século 20 terminava, o primeiro livro do bruxo Harry Potter ganhava o mundo e ela, inspirada por seu sucesso, finalmente resolveu colocar no papel uma história que ensaiava escrever havia mais de uma década: O arqueiro e a feiticeira. Ele se tornou o volume inicial de A caverna de cristais, série que mistura fantasia e ficção científica em um universo cheio de referências nerds.

Após deixar o jornal, Helena foi convidada a dar aulas em um curso de Jornalismo. Sem que ela previsse, isso a lançou a um caminho de mais estudo e pesquisa. Nos seus 15 anos como professora, também ministrou aulas nos cursos de Publicidade, Administração, Audiovisual e Gastronomia, sempre em disciplinas relacionadas à produção de textos.

Mesmo com a rotina puxada do dia a dia, Helena fez todo o possível para sempre ter um tempo só dela e desse modo escrever outras histórias. E elas vieram, tornaram-se novos livros. Hoje são mais de 50 títulos publicados.

Seu sonho de infância trouxe reconhecimento como escritora, inclusive com um prêmio importante na área. Helena tem livros escolhidos para representar a literatura brasileira em catálogos internacionais da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), adotados em colégios, finalistas do Prêmio Jabuti, escolhidos com o Selo Altamente Recomendável e selecionados por programas como PNLD, Biblioteca Itaú Criança e Clube de Leitura da ONU.